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Regência Verbal e Nominal – Aula Completa Para Concursos

Regência Verbal e Nominal – Aula Completa Para Concursos

A REGÊNCIA é o campo da língua portuguesa que estuda as relações de concordância entre os verbos (ou nomes) e os termos que completam seu sentido. Ou seja, estuda a relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.

A regência é necessário visto que algumas palavras da língua portuguesa (verbo ou nome) não possuem seu sentido completo.

Observe o exemplo abaixo:

Muitas crianças têm medo. (medo de quê?)
Muitas crianças têm medo de fantasmas.

Obs.: perceba que o nome pede complemento antecedido de preposição (“de” = preposição e “fantasmas” = complemento).

IMPORTANTE: A regência estabelece uma relação entre um termo principal (termo regente) e o termo que lhe serve de complemento (termo regido) e possui dois tipos: REGÊNCIA NOMINAL e REGÊNCIA VERBAL.

REGÊNCIA NOMINAL

Regência nominal é quando um nome (substantivo, adjetivo) regente determina para o nome regido a necessidade do uso de uma preposição, ou seja, o vínculo entre o nome regente e o seu termo regido se estabelece por meio de uma preposição.

DICA: A relação entre um nome regente e seu termo regido se estabelece sempre por meio de uma preposição.

Exemplo:
– Os trabalhadores ficaram satisfeito com o acordo, que foi favorável a eles.
Veja: “satisfeito” é o termo regente e “com o acordo” é o termo regido, “favorável” é o termo regente e “a eles” é o termo regido.

Obs.: Quando um pronome relativo (que, qual, cujo, etc.) é regido por um nome, deve-se introduzir, antes do relativo, a preposição que o nome exige.

Exemplo:
– A proposta a que éramos favoráveis não foi discutida na reunião. (quem é favorável, é favorável a alguma coisa/alguém)

Regência Nominal: Principais Casos (Mais Utilizados nas Provas)

Como vimos, quando o termo regente é um nome, temos a regência nominal.

Então pra facilitar segue abaixo uma lista dos principais nomes que exigem preposições, existem nomes que pedem o uso de uma só preposição, mas também existem nomes que exigem os uso de mais de uma preposição. veja:

Nomes que exigem o uso da preposição “a”:

Acessível, acostumado, adaptado, adequado, afeição, agradável, alheio, alusão, análogo, anterior, apto, atento, atenção , avesso, benéfico, benefício, caro, compreensível, comum, contíguo, contrário, desacostumado desagradável, desatento, desfavorável, desrespeito, devoto, equivalente, estranho, favorável, fiel, grato, habituado, hostil, horror, idêntico, imune, inacessível, indiferente, inerente, inferior, insensível, Junto , leal, necessário, nocivo, obediente, odioso, ódio, ojeriza, oneroso, paralelo, peculiar, pernicioso, perpendicular, posterior, preferível, preferência, prejudicial, prestes, propenso, propício, proveitoso, próximo, rebelde, rente, respeito, semelhante, sensível, simpático, superior, traidor, último, útil, visível, vizinho…

Nomes que exigem o uso da preposição “de”:

Abrigado, amante, amigo ávido, capaz, certo, cheio, cheiro, comum, contemporâneo, convicto, cúmplice, descendente, desejoso, despojado, destituído, devoto, diferente, difícil, doente, dotado, duro, êmulo, escasso, fácil, feliz, fértil, forte, fraco, imbuído, impossível, incapaz, indigno, inimigo, inocente, inseparável, isento, junto, livre, longe, louco, maior, medo, menor, natural, orgulhoso, passível, piedade, possível, prodígio, próprio, querido, rico, seguro, sujo, suspeito, temeroso, vazio…

Nomes que exigem a preposição “sobre”:

Opinião, discurso, discussão, dúvida, insistência, influência, informação, preponderante, proeminência, triunfo,

Nomes que exigem a preposição “com”:

Acostumado, afável, amoroso, analogia, aparentado, compatível, cuidadoso, descontente, generoso, impaciente, impaciência, incompatível, ingrato, intolerante, mal, misericordioso, obsequioso, ocupado, parecido, relacionado, satisfeito, severo, solícito, triste…

Nomes que exigem a preposição “em”:

Abundante, atento, bacharel, constante, doutor, entendido, erudito, fecundo, firme, hábil, incansável, incessante, inconstante, indeciso, infatigável, lento, morador, negligente, perito, pertinaz, prático, residente, sábio, sito, versado…

Nomes que exigem a preposição “contra”:

Atentado, Blasfêmia, combate, conspiração, declaração, luta, fúria, impotência, litígio, protesto, reclamação, representação…

Nomes que exigem a preposição “para”:

Mau, próprio, odioso, útil…

REGÊNCIA VERBAL

Dizemos que regência verbal é a maneira como o verbo (termo regente) se relaciona com seus complementos (termo regido).

Nas relações de regência verbal, o vínculo entre o verbo e seu termo regido (complemento verbal) pode ser dar com ou sem a presença de preposição.

Exemplo:
– Nós assistimos ao último jogo da Copa.
Veja: “assistimos” é o termo regente, “ao” é a preposição e “último jogo” é o termo regido.

No entanto estudar a regência verbal requer que tenhamos conhecimentos anteriores a respeito do verbo e seus complementos, conhecer a transitividade verbal.

Basicamente precisamos saber que:

Um verbo pode ter sentido completo, sem necessitar de complementos. São os verbos intransitivos.
Há verbos que não possuem sentido completo, necessitam de complemento. São os verbos transitivos.

Exemplos:

– Transitivo direto: quando seu sentido se completa com o uso de um objeto direto (complemento sem preposição).
Exemplo: A avó carinhosa agrada a netinha.
“Agrada” é verbo transitivo direto e “a netinha” e o objeto direto.

– Transitivo indireto: quando seu sentido se completa com o uso de um objeto indireto (complemento com preposição).
Exemplo: Ninguém confia em estranhos.
“Confia” é verbo transitivo indireto, “em” é a preposição e “estranhos” é o objeto indireto.

– Transitivo direto e indireto: quando seu sentido e completa com os dois objetos (direto e indireto).
Exemplo: Devolvi o livro ao vendedor. “Devolvi” é verbo transitivo direto e indireto, “o livro” é objeto direto e “vendedor” é objeto indireto.

A regência e o contexto (a situação de uso)

A regência de um verbo está ligada a situação de uso da língua. Determinada regência de um verbo pode ser adequada em um contexto e ser inadequada em outro.

1. Quando um ser humano irá a Marte?
2. Quando um ser humano irá em Marte?

Em contextos formais, deve-se empregar a frase 1, porque a variedade padrão, o verbo “ir” rege preposição a. Na linguagem coloquial (no cotidiano), é possível usar a frase 2.

Regência de Alguns Verbos

Para estudarmos a regência dos verbos, devemos dividi-los em dois grupos:

1- O primeiro, dos verbos que apresentam uma determinada regência na variedade padrão e outra regência na variedade coloquial;
2- E o segundo dos verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma regência.

PRIMEIRO GRUPO – Verbos que apresentam uma regência na variedade padrão e outra na variedade coloquial:

VERBO ASSISTIR
  • – SENTIDO: “Auxiliar”, “caber, pertencer” e “ver, presenciar, atuar como expectador”. É nesse último sentido que ele é usado.
  • – VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): Ele não assiste a filme de violência; Pela TV, assistimos à premiação dos atletas olímpicos. Assistir com significado de ver, presenciar: É verbo transitivo indireto (VTI), apresenta objeto indireto iniciado pela preposição a. Quem assiste, assiste a (alguma coisa).
  • – VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): Ela não assiste filmes de violência. Assistir com significado de ver, presenciar: É verbo transitivo direto (VTD); apresenta objeto direto. Assistir (alguma coisa)
VERBO IR e CHEGAR
  • – VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): No domingo, nós iremos a uma festa; O prefeito foi à capital falar com o governador; Os funcionários chegam bem cedo ao escritório. Apresentam a preposição a iniciando o adjunto adverbial de lugar: Ir a (algum lugar), Chegar a (algum lugar)
  • – VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): No domingo, nós iremos em uma festa; Os funcionários chegam bem cedo no escritório. Apresentam a preposição em iniciando o adjunto adverbial de lugar: Ir em (algum lugar), Chegar em (algum lugar)
VERBO OBEDECER/DESOBEDECER
  • – VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): A maioria dos sócios do clube obedecem ao regulamento; Quem desobedece às leis de trânsito deve ser punido. São VTI; exigem objeto indireto iniciado pela preposição a. Obedecer a (alguém/alguma coisa), Desobedecer a (alguém/alguma coisa)
  • – VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): A maioria dos sócios do clube obedecem o regulamento; Quem desobedece as leis de trânsito deve ser punido. São transitivos direto (VTD); apresentam objeto sem preposição inicial. Obedecer (alguém/alguma coisa), Desobedecer (alguém/alguma coisa)
VERBO PAGAR e PERDOAR
  • – SENTIDO: Obs.: Se o objeto for coisa (e não pessoa), ambos são transitivos direto, tanto na variedade padrão, como na coloquial. Exemplo: Você não pagou o aluguel. O verbo pagar também é empregado com transitivo direto e indireto. (Pagar alguma coisa para alguém) A empresa pagava excelentes salários a seus funcionários.
  • – VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): A empresa não paga aos funcionários faz dois meses; É ato de nobreza perdoar a um amigo. São VTI quando o objeto é gente; exigem preposição a iniciando o objeto indireto. Pagar a (alguém), Perdoar a (alguém)
  • – VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): A empresa não paga os funcionários faz dois meses; É um ato de nobreza perdoar um amigo. São VTD, apresentam objeto sem preposição (objeto direto): Pagar (alguém), Perdoar (alguém)
VERBO PREFERIR
  • – VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): Os brasileiros preferem futebol ao vôlei; Você preferiu trabalhar a estudar. Prefiro silêncio à agitação da cidade. É VTDI; exige dois objetos: um direto outro indireto (iniciado pela preposição a. Preferir (alguma coisa) a (outra)
  • – VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): Os brasileiros preferem mais o futebol que o vôlei; Você preferiu (mais) trabalhar que estudar; Prefiro (muito mais) silêncio do que a agitação da cidade. É empregado com expressões comparativas (“mais…que”, “muito mais …que”, “do que”, etc.). Preferir (mais) (uma coisa) do que (outra).
VERBO VISAR
  • – SENTIDO: O emprego mais usual do verbo “visar” é no sentido de “objetivar, ter como meta”.
  • – VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): Todo artista visa ao sucesso; Suas pesquisas visavam à criação de novos remédios. É VTI, com preposição a iniciando o objeto indireto. Visar a (alguma coisa)
  • – VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): Todo artista visa o sucesso; Suas pesquisas visavam a criação de novos remédios. É VTD, apresenta objeto sem preposição (objeto direto). Visar (alguma coisa)

SEGUNDO GRUPO – Verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma regência (dependendo do sentido/significado em que são empregados:

VERBO ASPIRAR

– TRANSITIVIDADE (Sentido):

    Verbo transitivo direto (sugar/respirar) Verbo transitivo indireto (pretender)

  • – EXEMPLOS: Sentiu fortes dores quando aspirou o gás. O Ex-governador aspirava ao cargo de presidente.
VERBO ASSISTIR

– TRANSITIVIDADE (Sentido):

    Verbo transitivo direto (ajudar); Verbo transitivo indireto (ver); Verbo transitivo indireto (pertencer)

  • – EXEMPLOS: Rapidamente os paramédicos assistiram os feridos. Você assistiu ao filme? O direito de votar assisti a todo cidadão.
VERBO INFORMAR

– TRANSITIVIDADE (Sentido):

    Verbo transitivo direto e indireto (passar informação)

  • – EXEMPLOS: Algumas rádios informam as condições das estradas aos motoristas. Algumas rádios informam os motoristas das condições das estradas
VERBO QUERER

– TRANSITIVIDADE (Sentido):

    Verbo transitivo direto (desejar); Verbo transitivo indireto (amar/gostar)

  • – EXEMPLOS: Todos queremos um Brasil menos desigual. Isabela queria muito aos avós.
VERBO VISAR

– TRANSITIVIDADE (Sentido):

    Verbo transitivo direto (mirar); Verbo transitivo direto (pôr visto); Verbo transitivo indireto (objetivar)

  • – EXEMPLOS: O atacante, ao chutar a falta, visou o ângulo do gol. Por favor, vise todas as páginas do documento. Esta fazenda visa à produção de alimentos orgânicos.

 

Observações:

O verbo aspirar, como outros transitivos indiretos, não admite os pronomes lhe/lhes como objeto. Devem ser substituídos por a ele (s) /a ela (s). Ex.: O diploma universitário é importante; todo jovem deve aspirar a ele.

No sentido de “ver presenciar”, o verbo assistir não admite lhe (s) como objeto, essas formas devem ser substituídas por ele (s) ela (s). Ex.: o show de abertura das olimpíadas foi muito bonito; você assistiu a ele?

No sentido de “objetivar, ter como meta”, o verbo visar (TD) não admite como objeto a forma lhe/lhes, que devem ser substituídas por a ele (s) a ela (s). Ex: O título de campeão rende uma fortuna ao time vencedor, por isso todos os clubes visam a ele persistentemente.

Existem outros verbos que, na variedade padrão, apresentam a mesma regência do verbo informar. São eles: avisar, prevenir, notificar, cientificar.

DICAS GERAIS SOBRE REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL PARA FIXAÇÃO:

‣ Alguns nomes ou verbos da língua portuguesa não tem sentido completo.

‣ Na regência nominal, a relação entre um nome regente e seu termo regido se estabelece sempre por meio de uma preposição.

‣ Na regência verbal, temos que conhecer a transitividade dos verbos, ou seja, se é direta (VTD-verbo transitivo direto), se é indireta (VTI- verbo transitivo indireto) ou se é, ao mesmo tempo, direta e indireta (VTDI- verbo transitivo direto e indireto).

‣ Observe sempre os verbos que mudam de regência ao mudar de sentido, como visar, assistir, aspirar, agradar, implicar, proceder, querer, servir e outros.

‣ Não se pode atribuir um mesmo complemento a verbos de regências distintas. Por exemplo: o verbo assistir no sentido de “ver”, requer a preposição a e o verbo gostar, requer a preposição de. Não podemos, segundo a gramatica, construir frases como: “Assistimos e gostamos do jogo. ”, temos que dar a cada verbo o complemento adequado, logo, a construção correta é “Assistimos ao jogo e gostamos dele. ”

‣ O conhecimento das preposições e de seu uso é fator importante no estudo e emprego da regência (nominal, verbal) correta, pois elas são capazes de mudar totalmente o sentido do que for dito. Ex.: As novas medidas escolares vão de encontro aos anseios dos alunos. Os alunos da 3ª série foram ao encontro da nova turma.

‣ Pronomes oblíquos, algumas vezes, funcionam como complemento verbal.

‣ Pronomes relativos, algumas vezes, funcionam como complemento verbal.

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